PAULO NOZOLINO DEVOLVE PRÉMIO AICA/MC. Comunicado en «CARMINA» del fotógrafo portugués con cita de Rodrigo Gómez Reina

 

 

 

 

«Sevicias de la amistad me someten a ver, en primer lugar, el pequeño espacio dedicado a la exposición de Nozolino. Siempre branco e preto. «Far Cry», libro de los importantes de la historia de la fotografía y que condensa su trabajo de más de tres décadas, se muestra en versión de diaporama con música original. Uno sabe que tiene el privilegio de asistir a algo único, insólito, exclusivo. Pero eso no te libra de un gancho a la boca del estómago, seguido de un crochet a la cabeza, que te dejan KO. Sólo un corazón dolorido en nuestra mano resiste hasta el final. Y en ese estado, pobre Bernardo Soares, uno todavía tiene que contemplar Bone Lonely. Su último trabajo, una serie de fotos de pequeño formato, todas verticales, sin cristal que nos las distancie, pero que duelen como puñales. Herir así, sólo está al alcance de los grandes poetas. Artistas que son capaces de hacerte ver, avant la lettre, hasta las pirámides de Egipto de un modo diferente.»

Rodrigo Gómez Reina (2009)

 

 

 

 

 

COMUNICADO 

Recuso na sua totalidade o Prémio AICA/MC 2009 em repúdio pelo comportamento obsceno e de má fé que caracteriza a actuação do Estado português na efectiva atribuição do valor monetário do mesmo. O Estado, representado na figura do Ministério da Cultura (DGARTES), em vez de premiar um artista reconhecido por um júri idóneo pune-o! Ao abrigo de um parecer obscuro do Ministério das Finanças, todos os prémios de teor literário, artístico e científico não sujeitos a concurso são taxados em 10% em sede de IRS, ao contrário do que acontece com todos os prémios do mesmo cariz abertos a candidaturas.

            A saber: Quem concorre para ganhar um prémio está isento de impostos pelo Código de IRS. Quem, sem pedir, é premiado tem que dividir o seu valor com o Estado!

            Na cerimónia de atribuição do Prémio foi-me entregue um envelope não com o esperado cheque de dez mil euros, como anunciado publicamente, mas sim com uma promessa de transferência bancária dessa mesma soma, assinada por Jorge Barreto Xavier, Director Geral das Artes. No dia seguinte, depois do espectáculo, das luzes e do social, recebo um e-mail exigindo-me que fornecesse, para que essa transferência fosse efectuada, certidões actualizadas da minha situação contributiva e tributária, bem como o preenchimento de uma nota de honorários, onde me aplicam a mencionada taxa de 10%, cuja existência é justificada pelo Director Geral das Artes como decorrendo de um pedido efectuado por aquela entidade à Direcção-Geral dos Impostos para emitir «um parecer no sentido de que, regra geral, o valor destes prémios fosse sujeito a IRS».

            Tomo o pedido de apresentação das certidões como uma acusação da parte do Estado de que não tenho a minha situação fiscal em dia e considero esse pedido uma atitude de má fé. A nota de honorários implica que prestei serviços à DGARTES. Não é verdade. Nunca poderia assinar tal documento.

            Se tivesse sido informado do presente envenenado em que tudo isto consiste não teria aceite passar por esta charada.

            Nunca, em todos os prémios que recebi, privados ou públicos, no país ou no estrangeiro, senti esta desconfiança e mesquinhez. É a primeira vez que sinto a burocracia e a avidez da parte de quem pretende premiar Arte. Não vou permitir ser aproveitado por um Ministério da Cultura ao qual nunca pedi nada. Recuso a penhora do meu nome e obra com estas perversas condições. Devolvo o diploma à AICA, rejeito o dinheiro do Estado e exijo não constar do historial deste prémio.

 

Paulo Nozolino

1 de Julho de 2010

 

 

 

One comment.

  1. He encontrado esta web por azar, no obstante he de aceptar que me ha
    resultado muy interesante. Sin duda, volveré. Ciao¡

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